23 novembro 2010

A decomposição da humanidade e a sobrevivência de Simba Ukolo





O sol, como bola de fogo a esconder-se entre as árvores da Avenida de Portugal, despedia-se depois de ter cumprido com mais uma missão. Meus pés corriam lesto ao Instituto Camões. “O Quase Fim do Mundo”, novo romance de Pepetela, foi o motivo de cerca de três centenas de pessoas lotarem o auditório atribuído o seu nome, em homenagem ao Prémio Camões de 1997 ganho pelo mesmo escritor.

Foi um lançamento despido dos discursos de apresentação a que nos habituaram na nossa praça. Um diálogo sorridente entre Jacques dos Santos da Editora Chá de Caxinde, Fernando Telles, embaixador de Portugal em Angola, e o “monstro” da narrativa angolana, em perfeita interacção com a magnífica plateia em que desabrochavam distintas figuras da vida social angolana.

Segundo Pepetela, autor da obra, o livro deve apresentar-se por sí, pelo que escusado é apresentação extra. As primeiras páginas do seu romance, com um relato sobre Simba Ukolo, sobrevivente do fim do mundo, aguçaram o nosso desejo de leitura.

Uma longa fila (não de contratados, claro) de leitores, “afadigavam-se” para autografarem seus exemplares. Esgotaram-se os mais de 200 exemplares que a Chá de Caxinde levou ao local do evento, onde muitos leitores se viram frustrados, “lerparam”, por não terem conseguido comprar o livro que estava a ser comercializado por 2.500,00 kwanzas.

No final o brinde com um cockatail e, a correria dos repórteres a caçarem momentos memoráveis, e eu qual aprendiz a escriba sacando a pose com o guru . Felicitações ao escritor e que a caminhada literária seja longa com intuito de proporcionar ao espaço lusófono, anglofóno e todos outros possíveis, agradáveis emoções.




Nota: Texto publicado no Jornal Folha8, 23 de Fevereiro de 2008. Trago-o em retrospectiva.

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